Setembro Amarelo: 1 em cada 3 médicos sofre com a Síndrome de Burnout.
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Setembro Amarelo: 1 em cada 3 médicos sofre com a Síndrome de Burnout.



Neste Setembro Amarelo, mês da conscientização sobre a prevenção do suicídio, desejamos trazer luz para o aspecto da saúde mental dos médicos e cirurgiões, que podem sofrer sérias crises emocionais em decorrência de Burn Out.


Desde janeiro de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a síndrome de Burnout como uma doença ocupacional. Anteriormente, essa condição era considerada um "problema de saúde mental e um transtorno psiquiátrico". Agora, ela é definida como "estresse crônico relacionado ao trabalho que não foi adequadamente gerenciado" e foi incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID-11). Essa mudança foi discutida durante uma conferência da OMS em 2019, e as diretrizes entraram em vigor em janeiro de 2022. A OMS baseia essas decisões em análises de estatísticas e tendências de saúde.

Conforme revelado por uma pesquisa conduzida pelo renomado site Medscape, que é uma fonte de referência em informações relacionadas à carreira médica, um em cada três médicos no Brasil enfrenta a Síndrome de Burnout. É importante notar que este estudo foi realizado antes do surto da pandemia de Coronavírus e, portanto, pode não capturar completamente a atual séria crise de saúde mental enfrentada pelos médicos e cirurgiões no país.


A pesquisa identificou sentimentos e comportamentos alarmantes em relação à saúde mental desses profissionais:

- 33% relataram sentir-se menos dispostos a ouvir e responder de forma atenciosa aos seus pacientes.

- 29% apresentavam um atendimento menos amigável.

- 20% tinham uma tendência maior a se irritar facilmente com os pacientes.

- 11% admitiram cometer erros simples que poderiam ter sido evitados.

- 4% cometeram erros graves que poderiam ter tido um impacto significativo na saúde dos pacientes.


Você, como médico ou cirurgião, acha que pode estar sofrendo com Burn Out? Confira abaixo quais são os sintomas primordiais da Síndrome de Burnout.


As três características essenciais dessa síndrome são:

1. Exaustão emocional: Esta está relacionada ao excesso de carga de trabalho, à tensão e à sensação de incapacidade nas atividades diárias. Em alguns cirurgiões, a exaustão emocional pode resultar em comportamentos de falta de empatia e demonstração de compaixão. Em casos mais graves, pode surgir dor inespecífica, dificuldade em encontrar sentido na profissão, apatia e uma diminuição da capacidade de concentração.


2. Despersonalização ou cinismo: Isso se manifesta como indiferença, falta de empatia e distanciamento em relação ao trabalho e ao relacionamento com os pacientes, reduzindo as pessoas em tratamento a meros objetos.


3. Diminuição da realização pessoal: Isso envolve uma sensação de incompetência, ineficácia, falta de propósito na atividade e perda do controle sobre situações comuns no trabalho, além da perda de satisfação com a profissão ou a sensação de incapacidade para realizar o trabalho.


Todos esses sintomas combinados levam a uma redução da eficiência no trabalho. Atividades que costumavam ser executadas com facilidade tornam-se difíceis e desafiadoras para o médico. Além disso, há um aumento na frequência de faltas, reclamações constantes, um clima de trabalho negativo entre a equipe e o cirurgião.


O cirurgião, em função das peculiaridades da sua especialidade, tende a ser um dos profissionais mais afetados por essa síndrome. A prática da cirurgia requer uma determinação particular. Os cirurgiões compartilham um código não escrito de regras, normas e expectativas para definir dedicação. Se não for controlada, no entanto, essa dedicação pode facilmente se converter em excesso de trabalho, com efeito contraproducente e prejudicial à saúde,ou até mesmo comportamento autodestrutivo.


Como aliar a tecnologia na prevenção do Burn Out médico?

Sabemos sobre o quanto a incorporação na vida pessoal e profissional de aparelhos de comunicação como os smartphones determina efeitos deletérios que muitas vezes superam os extraordinários recursos que essa tecnologia pode oferecer. Quase que onipresentes no dia a dia das pessoas, smartphones tornaram-se mais uma importante ferramenta de ação profissional. No entanto, também são fatores relevantes para o esgotamento profissional. A violação dos limites da vida profissional tem sido documentada na cirurgia por meio da observação de interrupções do fluxo cirúrgico. Desvios na progressão natural de uma tarefa podem comprometer a segurança e a eficiência de um procedimento, por exemplo.


Utilizar a tecnologia para reduzir a carga sobre os cirurgiões e permitem-lhes proteger o seu bem-estar pessoal e profissional pode ser a chave para prevenir ou se recuperar da “síndrome de burnout”. Por exemplo, sistemas que permitem a codificação e triagem de mensagens baseadas na urgência clínica podem ser benéficos.


Além disso, intervenções que transformam uma cultura prejudicial de excesso de trabalho em uma cultura favorável de bem-estar também são importantes. A instituição de um programa de mentoria em que os cirurgiões desenvolvam hábitos que incentivem um estilo de vida equilibrado pode ser altamente eficaz. Em nível departamental ou hospitalar, devem ser estabelecidas diretrizes comportamentais relacionadas ao trabalho.


O benefício de treinamento adicional para médicos em todos os níveis, incluindo residentes e estudantes, além da equipe de enfermagem, sobre práticas de comunicação adequadas também não pode ser subestimado.


Cirurgiões são indivíduos dedicados que fazem sacrifícios substanciais na prática desafiadora e exigente da cirurgia. Pesquisas adicionais para entender a globalidade de um cirurgião, o ambiente de trabalho e o impacto das tecnologias de comunicação pessoal nos resultados clínicos esclareceriam quais intervenções baseadas em evidências são necessárias.


REFERÊNCIAS

  1. Shanafelt TD, Balch CM, Bechamps G, Russell T, Dyrbye L, Satele D, Collicott P, Novotny PJ, Sloan J, Freischlag J. Burnout and medical errors among American surgeons. Ann Surg. 2010 Jun;251(6):995-1000.

  2. Cohen TN, Jain M, Gewertz BL. Personal Communication Devices Among Surgeons-Exploring the Empowerment/Enslavement Paradox. JAMA Surg. 2020 Dec 23.

  3. https://portugues.medscape.com/slideshow/65000099#1


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